sexta-feira, 18 de setembro de 2015

| É o que eu penso. Ponto. |

Nas últimas semanas muito se tem falado sobre mais uma crise. Se até há pouco tempo era a crise do dinheiro, da banca, das bolsas, da economia, agora, para mim, é a crise de pessoas, dos valores, da humanidade.

Muito tenho ouvido. Muito tenho visto. Absorvi o que me foi acessível ao olhar e ao pensamento, tentando pensar racionalmente, sem entrar em sentimentalismos exarcebados e que mascaram a razão.

E depois vi aquele menino. Prostrado. Sem vida. E quem me vem à lembrança é o meu filho, que muitas vezes dorme assim, descansado, na sua caminha, confortável, seguro. E pergunto-me: e se fosse eu a ter de passar o cabo das tormentas, com o meu filho ao colo, a fugir da morte mas a ir ao encontro dela, numa luta de forças desumanas, que nos ameaça arrancar o que de melhor temos, esses mesmos, os nossos filhos? Não consigo parar de pensar naquele menino e que o meu filho tem muita sorte de ter nascido no país que nasceu (apesar de muita coisa).

O mais estranho é ouvir o que ouço, num país habituados a intensos fluxos migratórios, à procura de uma vida melhor. Porque quem foge da fome, da guerra, da doença, da miséria tem menos legitimidade para o fazer do aqueles que rumaram a outros países para ganhar mais umas patacas.

Pensava eu que vivia, agora, numa Europa mais unida, responsável, menos xenófoba, mais tolerante. Enganei-me. A história, por fim, repete-se. E todo o processo foi mal seguido desde o princípio. Agora é tentar remediar o mal.

Esta crónica do João Miguel Tavares está tudo de bom e não mudava uma vírgula, e este texto maravilhoso cheio de ironia é de leitura obrigatória, porque temos uma falta de memória...

É o que eu penso. Ponto.


Créditos de imagem | Banksy